quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Dança


Acende velas e dança.
O corpo só conhece o ritmo indiano: o coração é quem marca o tempo.
Vontade faz as vezes de compasso e a alma gira.
Quando criança fazia o balanço ganhar altura para alcançar estrelas.
Por isso, hoje rodopia enquanto canta.
E acredita que as notas mais altas são capazes de balançar o coração de Deus.
E que as mais baixas fazem com que ele se incline suave só para escutar.
Quando se sente só, canta baixinho. Até encontrar um sorriso num gorjeio de passarinho.
Sua alegria é feita de grãos. Quando a felicidade lhe varandeia os olhos, contagia.
A saudade sempre lhe chega num pé de vento. E ela suspira.
Há de ter um lírio azul tatuado nas costas. Tem uma flor geminando na alma.
Quando expira, polén. Sabe adornar um vazio: esse poço antigo enlaçado de flores. Amarelas.
Onde se mata a sede. Na mão aperta, com fé, uma estrela cadente: essa possibilidade.
Risca no ar um desejo enquanto se desfaz. Poeira lunar nos pés. Raio de sol para fisgar novo dia.
E um sopro suave para mudar o ar dessa noite.
Tira o laço vermelho que lhe apertava o peito, amarra nas bordas do dia.
A barra da saia pespontada de horizontes. O pensamento branco, branco. Azul. Amarelo. Verde.
Uma paz inquieta. As unhas vermelhas e os cabelos escoando o orvalho desse novo dia.
No céu, nuvens de filó. E a terra gira azul, azul, feito saia.
Sorri, o mundo dança.

Cecília Braga

Érica Cypriano ღ¸.•*•.¸

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